Thomson anuncia a compra da Prous Science Volta
Gazeta Mercantil
28/09/2007
SÃO PAULO, 28 de setembro de 2007 - AThomson Corporation, fornecedora de soluções de informação para clientesempresariais e profissionais de todo o mundo, anunciou a aquisição da ProusScience, empresa global líder no fornecimento de soluções de informação deciências da vida. A Prous Science será parte da Thomson Scientific. Os aspectosfinanceiros da transação não foram divulgados.
O portalProus Science Integrity dá acesso a mais de 265.000 compostos com atividadebiológica demonstrada, e perto de 100.000 registros com família de patentes. AProus Science trabalha estreitamente com seus clientes e possui parceiras paradesenvolver essa oferta diferenciada de informações.
"Estaaquisição realmente complementa as nossas ofertas de soluções de fluxo detrabalho no campo farmacêutico e biotecnológico. Esperamos trabalharestreitamente com os administradores da Prous Science para maximizar sinergiase agregar valor para nossos clientes", afirma Vin Caraher, Presidente eCEO da Thomson Scientific.
Asinformações foram divulgadas em comunicado pela empresa. (Redação InvestNews)
Nos EUA,Gilberto Gil prega cultura do remix e Creative Commons Volta
Mídiaeletrônica: PC World
http://pcworld.uol.com.br
Por IDG News Service/EUA
28/09/2007
Empalestra no Technology Review EmTech, Gil volta a ligar a idéia de inclusãodigital com a criação de conteúdo online
Em palestra proferida durante a conferência Technology Review EmTech nestaquinta-feira (27/09), o música e Ministro da Cultura Gilberto Gil voltou a defenderque a real inclusão digital passa pela criação de conteúdo multimídia nainternet e classificou o movimento de software livre e a cultura do remix demotores do progresso.
A idéia marxista de entregar os meios de produção às massas agora significa dar-lhesacesso tanto à internet em banda larga como a ferramentas de criação e permitirque o público participe em economias e indústrias que estão sendo corroídaspela tecnologia.
Aabordagem do Creative Commons frente à propriedade intelectual promove inovaçõesao promover algo que Gil chamou de cultura do remix, impulsionando o futuro daarte e da intelectualidade, segundo ele.
"Criatividadee desenvolvimento da ciência e das artes sempre foram relacionadas à liberdadede acesso", afirmou Gil em um informal encontro com jornalistas depois deseus discurso.
Gilclassificou o que chamou de decisões conservadoras de alguns governos ecorporações sobre questões que envolvem propriedade intelectual como obstáculosmomentâneos, afirmando que "o progresso está sempre ameaçando o statusquo".
Enquantoo governo brasileiro não se limita a tratar de questões sobre propriedadeintelectual sem aplicar preceitos do Creative Commons, também está tentandoinfluenciar os pensamentos de novas leis sobre direitos que englobem a eradigital, em particular que tratem de menores restrições em economias emdesenvolvimento, afirma Gil.
Umamaneira prática de dar às pessoas acesso aos meios de produção são os"hotspots culturais", estações de trabalho multimídia que o Ministérioda Cultura está montando pelo Brasil com acesso gratuito em banda larga.
Esteaspecto da conectividade, do chamado "indivíduo coletivo" como Gilclassifica, é importante a ajuda brasileiros a se reconectarem ao que chamou de"diversidade cultural perdida", chegando a atingir até tribosamazônicas que podem gravar rituais e músicas com o programa.
Duranteo evento, Gil classificou o projeto One Laptop per Child como revolucionário efalou com orgulho sobre as escolas brasileiras que vêm testando três tipos denotebooks educacionais. A licitação para escolher a plataforma que será usadanos colégios em 2008 está marcada para outubro.
Oministro também apontou dificuldades de interesses e infra-estrutura paraavançar com o projeto de banda larga sem fio, feita com a implementação deredes WiMax. Muitos municípios decidiram avançar com suas redes Wi-Fi, mas ogrupo de prefeitos está pressionando o governo para a implementação datecnologia, segundo assessores de Gil.
Carbono à brasileira Volta
Folha deSão Paulo
01/10/2007
País équarto colocado no faturamento de créditos previstos no Protocolo de Kyoto;matriz energética limita projetos nacionais
O LEILÃOpioneiro de créditos de carbono realizado na quarta-feira, na Bolsa deMercadorias e Futuros, marca uma nova etapa desse mercado no Brasil, onde suasperspectivas de ampliação, no entanto, são limitadas. Os R$ 34 milhões pagospelo banco belgo-holandês Fortis à Prefeitura de São Paulo não inauguraram acoleta de receita com as emissões evitadas no aterro sanitário Bandeirantes,mas pela primeira vez isso ocorre em um pregão.
Os créditos se baseiam no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), previstopelo Protocolo de Kyoto. O instrumento busca incentivar reduções na emissão degases do efeito estufa em países menos desenvolvidos, cuja contribuição para oaquecimento global cresce de modo acelerado. A premissa é que custa menosdiminuir emissões nesses países.
Os projetos certificados têm permissão para emitir um bônus financeiro. Oscompradores desses papéis podem ser países desenvolvidos com dificuldade dereduzir suas emissões domésticas ou empresas em busca de um selo"verde" -por exemplo para neutralizar os gases do efeito estufa que asua atividade produz. Até especuladores à espera da valorização desses títulossão seus compradores potenciais.
A idéia do MDL, portanto, é simples. Todos que estabeleceram uma meta deredução dos gases que contribuem para o aquecimento global, em vez de cumpri-laautonomamente, podem pagar para quem o faz. O comprador do crédito do aterroBandeirantes, por exemplo, terá o direito de abater de suas metas o equivalentea 808 mil toneladas de CO2, quantidade que o projeto evita que seja lançada naatmosfera.
Por ora o mercado de MDL é dominado por quatro países, Índia à frente. A Chinadeve ultrapassá-la logo, pois 53% dos créditos de projetos em preparação vêm delá.
O Brasil tem participação no MDL proporcional a seu porte econômico, mas saiprejudicado por ter matriz energética mais limpa, que dá menos oportunidades dereduzir emissões. Três quartos do carbono que lançamos na atmosfera provêm dedesmatamento, cuja redução não gera créditos no MDL.
O governo federal pretende ser remunerado por esse serviço ambientalplanetário, mas resiste a fazê-lo por mecanismos de mercado e a adotar metasobrigatórias de redução das emissões. Está mais do que na hora de rever talposição.
Democracia participativa? Volta
Folha de São Paulo
ALBA ZALUAR
01/10/2007
PARTICIPAÇÃO É UMA dessas palavras mágicas invocadas em rituais políticos dosque querem aparecer como corretos. É cheia de matizes e ciladas semânticas quepodem vir a ser precipícios políticos. Tudo depende da engenharia institucionalconstruída por ela.
No Brasil, a Constituição obriga "a participação democrática na formulaçãode políticas públicas", traduzida em exigências administrativas deaudiências públicas para licenciar empreendimentos, mas principalmente aformação de conselhos nos governos estaduais e municipais para discutir e decidirsobre políticas e a gestão delas.
Conselhos tutelares, conselhos de saúde e de educação já fazem parte do cenárioda governança local. Porém estes conselhos e algumas instâncias do orçamentoparticipativo padecem de entraves até agora insolúveis.
As unidades de dimensão avantajada não permitem uma real participação devizinhos para discutir assuntos que dizem respeito à vizinhança e ao bairro,mais do que às unidades administrativas mais amplas.
Partidos políticos, que investiram seus esforços na criação de"bases", ocuparam os assentos em tais conselhos e os têm usado paraimplementar a política do partido, mais do que em resolver os problemas locaisnas áreas respectivas.
Vizinhos sem afiliação partidária pouca oportunidade têm de vir a sentar-se emuma dessas cadeiras, embora tenham muito mais afinidade com os demais moradorese conheçam mais seus problemas cotidianos no atendimento de serviços públicos.
A presença de expertos, sobretudo quando acompanhada da arrogância do saber,inibe a participação do cidadão que desconhece os aspectos técnicos, masperfeitamente traduzíveis em linguagem comum, dos problemas em pauta.
Contudo, o qualificativo "democrático" fica mais ameaçado pela lógicada concessão de benesses e privilégios, e não pelos princípios universais dacidadania. Ao contrário do que acontecia na década de 80, nos estertores doregime de exceção, quando a associação vicinal e a prestação de trabalhovoluntário faziam do associativismo popular uma promessa de cidadania.
Não se cumpriu.
Hoje são as bolsas, benesses, indenizações, prêmios e complementações quevigoram na política local. Estes apelam mais para o interesse meramentepecuniário do que para a discussão dos problemas, que envolve aspectos técnicose práticos, a fim de esclarecer a todos. Isto é tanto mais sério quanto menosse trata de discutir demandas ou riscos tecnológicos e mais os serviços queprotegem o cidadão.
Estaremos todos condenados ao neoliberalismo que faz do mercado a solução paratudo?
ALBA ZALUAR escreve às segundas-feiras nestacoluna.
Duas culturas Volta
Folha de São Paulo
Marcelo Gleiser
30/09/2007
Como teorias tão especulativas e tão difíceis de testar podem ser tãopopulares?
Quando a expressão "duas culturas" é mencionada, pensa-se logo nofísico e escritor inglês C. P. Snow, que no final da década de 1950 argumentouque a rixa entre as culturas científica e humanística ameaçava a produçãoacadêmica. Esta poderia tornar-se estéril, destituída de idéias verdadeiramentenovas. Hoje, quero abordar uma outra rixa que, apesar de mais interna à física,repercute em várias áreas. Trata-se da disputa entre os físicos que trabalhamna teoria das supercordas e, essencialmente, todos os outros.
Antes de mais nada, um esclarecimento. "Supercordas" é o nome dado àsteorias da física de altas energias que visam mostrar que tudo que existe nanatureza é manifestação de uma única força. A física descreve o mundo naturalem termos de interações entre os vários tipos de força. Após 400 anos depesquisa e experimentação, a versão atual dessa narrativa resume tudo quepercebemos e medimos em termos de quatro forças: as forças gravitacional eeletromagnética, que conhecemos bem, e as forças nucleares forte e fraca que,como diz o nome, só atuam dentro do núcleo atômico.
Albert Einstein passou os últimos 30 anos de sua vida tentando encontrar umaformulação na qual as forças gravitacional e eletromagnética fossem, naverdade, uma única força, capaz de se manifestar de dois modos.
Apesar de ter falhado na empreitada, a idéia persistiu, em parte porque amaioria dos físicos vive numa cultura monoteísta, em parte pelo sucesso queoutras unificações tiveram na física e em parte porque a função da física étentar obter a descrição mais simples possível dos fenômenos naturais.
Milhares de físicos continuam tentando encontrar essa força unificada. A idéiamais promissora é, sem dúvida, a das supercordas, a teoria que substitui oelétron e outras partículas fundamentais da matéria por tubos de energia -assupercordas- que existem em nove dimensões espaciais (seis a mais do que as quevemos) e cujos efeitos se manifestam a distâncias muito menores do que as quepodem ser medidas experimentalmente, ao menos no futuro próximo.
Nada de errado em construir teorias especulativas sobre o mundo. A maioria dasgrandes idéias científicas surge exatamente assim, por meio de especulações.Mas o que vem ocorrendo é um ressentimento crescente entre os físicos quetrabalham em outras áreas, que afirmam que as supercordas atraem gente edinheiro demais.
Dinheiro, aqui, significa financiamento para pesquisa e o número de empregosnessa área, tanto em pós-doutorados quanto em vagas para professores."Como teorias tão especulativas, que jamais foram demonstradas e que têmchances apenas remotas de serem testadas com a tecnologia atual, podem ser tãopopulares e bem-sucedidas?" -perguntam os físicos de outras áreas. Oproblema é de natureza filosófica, já que a essência da física é a construçãode teorias "testáveis" sobre o mundo. Se uma teoria não pode sertestada, ou se pode ser modificada a cada vez que é demonstrada incorreta,feito um peixe escorregadio que ninguém consegue agarrar, o que essa teoriaexplica? Ela é uma teoria física ou apenas especulação metafísica? Essa é arixa.
O sucesso das supercordas vem do seu apelo mítico: a teoria das teorias, omundo numa equação, a "mente de Deus" etc. Mas não é por isso quedevem ser desmerecidas. Mesmo se erradas, muito se aprende com elas.
Se certas, serão a coroação de quase três milênios de platonismo. Nessemeio-tempo, o ideal não seria cortar o financiamento dessa área de pesquisa,mas ampliar o das outras. Um bolo maior alimenta mais gente.
MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, emHanover (EUA) e autor do livro "A Harmonia do Mundo".
Itamaraty festeja lei de patentes Volta
Propostasde reforma na legislação beneficiam países em desenvolvimento e equilibramrelação com os ricos
O Estado de São Paulo
Jamil Chade
30/09/2007
Depoisde três anos de intensas disputas diplomáticas com os países ricos, o Brasilconsegue aprovar uma reforma na lei mundial de patentes. Na sexta-feira, emGenebra, a Organização Mundial de Propriedade Intelectual (Ompi) acatou 45recomendações de como garantir que a dimensão do desenvolvimento sejarespeitada nos futuros acordos de patentes assinados por países. O Itamaraty,aliado ao governo argentino, considerava a questão uma de suas principaisbatalhas nos últimos anos.
''''Estamosremodelando o papel das patentes'''', disse o presidente do Instituto Nacionalde Propriedade Industrial (Inpi), Jorge de Paula Costa Ávila. Na avaliação dogoverno brasileiro, não se trata de questionar a existência das patentes, masgarantir que tenham também uma função social e colaborem para odesenvolvimento.
Adecisão de iniciar a campanha ocorreu depois de uma avaliação de que o sistemade patentes não estava produzindo benefícios aos países emergentes, mantendomonopólios e dificultando o acesso a remédios e outros bens desenvolvidos nospaíses ricos. Não por acaso, americanos e japoneses tentaram de todas as formasimpedir a aprovação da reforma das leis.
Naprática, as recomendações indicam que todos os acordos futuros relacionados coma proteção de patentes devem garantir certas flexibilidades para os paísesemergentes. Outra medida é exigir o cumprimento de transferência de tecnologiasem entendimentos já fechados entre governos. Na maioria dos acordos assinadosno passado entre países para a proteção de propriedade intelectual, a cláusulasobre transferência de tecnologia raramente era cumprida.
O acordotambém prevê que a Ompi dê assistência técnica aos países mais pobres, levandoem consideração não apenas o interesse das empresas que querem ter suaspatentes protegidas naquele mercado, mas também os interesses dedesenvolvimento dos países.
''''Estamosfinalmente introduzindo a dimensão do desenvolvimento nos debates sobrepatentes'''', comemorou o embaixador da Argentina na ONU, Alberto Dumont. Elereconhece, porém, que a implementação dessas recomendações poderá levar anos.''''O que conseguimos é permitir que o debate sobre as patentes no mundo fosseatualizado'''', disse Guilherme Patriota, diplomata da missão do Brasil na ONUe negociador do País na questão.
Nos últimosanos, vários acordos comerciais foram assinados tanto pelos europeus comoamericanos com países em desenvolvimento e incluíram cláusulas de propriedadeintelectual. Para especialistas, alguns desses acordos são abusivos, já quegarantem a proteção de patentes além do que prevê a lei internacional. Com asnovas recomendações, a esperança é de que esses tratados possam ser evitados.
BARGANHA
Aaprovação das recomendações brasileiras ocorre em um momento em que odiretor-geral da Ompi, o sudanês Kamal Idris, está sendo acusado de corrupção.Apoiado pelos países ricos por adotar posições favoráveis à indústria, Idrispoderia ser destituído. Mas, curiosamente, depois de anos rejeitando asrecomendações do Brasil, passou agora a apoiar o projeto, permitindo suaaprovação. Em troca, se manteve no cargo.
Poucos aproveitam apoio à inovação Volta
Menos de25% das empresas usam os benefícios fiscais da MP do Bem para pesquisar edesenvolver produtos
O Estado de São Paulo
Fabio Graner
01/10/2007
Criadosno fim de 2005, os incentivos fiscais à inovação tecnológica estabelecidos nalei originária da chamada MP do Bem ainda não provocaram um boom deinvestimentos em pesquisa e desenvolvimento de produtos, um dos pontos maisfracos da economia brasileira, apontado pelo governo como uma prioridade.
Emboranão tenha dados estatísticos precisos, o diretor-executivo da AssociaçãoNacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras(Anpei), Olívio Ávila, estima que menos de 25% das empresas que poderiamutilizar os incentivos efetivamente o fazem.
'A Leido Bem trouxe grandes avanços em relação à legislação anterior de incentivos,que era pífia. Mas poucas empresas se cadastraram para obter os benefícios.Embora haja crescimento no número de empresas que estão usufruindo da lei, issoocorre de forma lenta', afirmou Ávila. Ele considera os incentivos tão avançadosquanto os dos EUA, Europa e Ásia.
'Oprimeiro motivo para a baixa adesão é o desconhecimento', disse Ávila, que temtrabalhado para apresentar os benefícios da lei às empresas. Outro fator estárelacionado a dúvidas sobre sua aplicação. As empresas temem que a ReceitaFederal não aceite como gastos em pesquisa certas despesas, ou não reconheçacomo inovadores investimentos na melhoria de produtos já existentes.
'Como osincentivos são de aplicação automática, estão sujeitos à auditoria da Receita esuscitam dúvidas sobre como ela vai interpretar', diz Ávila. Nesse sentido, aAnpei sugere ao governo a formulação de um guia do que será considerado peloFisco como trabalho de inovação, para não se criarem 'esqueletos'.
Há aindaproblemas de conflito legal. Embora esteja definido na Lei do Bem que asempresas inovadoras têm preferência nas compras governamentais, o estímuloacaba sendo inócuo, porque a Lei de Licitações não permite tal tratamento. 'Épreciso alterar a Lei de Licitações para que o incentivo seja exercido', disseÁvila.
Além dosproblemas inerentes à própria MP do Bem, a Anpei destaca um mal de origem: osincentivos são para poucas empresas, que apuram o Imposto de Renda pelo sistemade lucro real. Como quem paga imposto no regime de lucro presumido, muito maissimples, não pode acessar os benefícios, 90% das companhias brasileiras ficamde fora.
'Aabrangência da lei é muito restrita. Os incentivos vão apenas para as empresasde maior porte', diz Ávila, destacando que sobretudo as médias empresas sãoprejudicadas.
A Anpeialerta, com base nos dados do IBGE, que no Brasil apenas um terço das empresasinvestiu em pesquisa e desenvolvimento entre 2003 e 2005 e apenas 1,7% dasempresas industriais fizeram investimentos em projetos de inovação.
COLABOROULU AIKO OTTA
Nintendo abala o mercado de novo Volta
Comcontrole revolucionário e ênfase na intuição, a empresa japonesa se consolidacomo líder na corrida dos games
O Estado de São Paulo
Marcel R. Goto
01/10/2007
ShigeruMiyamoto, mentor intelectual da Nintendo e seus sucessos há mais de 20 anos,deu a dica já em 2001. Segundo ele, o grande desafio dos videogames era tornaros jogos mais interessantes e acessíveis, não necessariamente mais bonitos oucom gráficos mais realistas. Era criar um controle que acompanhasse aspossibilidades do que se passava na tela.
Seisanos atrás, o produtor mais bem-sucedido da indústria já estava ocupado com umproblema sério: cada vez mais os videogames se tornavam uma atividade (quase)especializada, para crianças e adultos homens que tinham paciência para lidarcom controles complexos e pouco intuitivos.
Para darum tiro, pular ou chutar uma bola, acessar um menu ou executar qualquer outrocomando, era necessário decorar as funções e as combinações de até dez botõesmais três direcionais diferentes. Isso afastava possíveis jogadores que sóqueriam uma diversão rápida, e limitava as possibilidades de interação.
O Wii,lançado no final do ano passado, ofereceu uma resposta clara para esse problemae está mudando os rumos da indústria com a força de seu sucesso.
Ocoração da estratégia é o Wiimote, apelido que acabou se tornando nome oficialdo controle. Todas as inovações nos joysticks desde 1983 têm partido daNintendo, do direcional em cruz ao 'rumble' (que faz o controle tremer) e ocontrole analógico. Dessa vez, a empresa voltou à prancheta e mudou conceitos básicosdo joystick. O Wiimote possui sensores de movimento e, apontado para a tela,também funciona como cursor, uma espécie de mouse.
Assim,no Wii Sports, que vem incluído no console, o controle é segurado e usado comouma raquete de tênis ou um bastão de beisebol. Em jogos de tiro, como Metroid 3e Red Steel, a combinação de controle analógico em uma mão e o Wiimotefuncionando como cursor em outra oferece uma opção às vezes até superior àeterna combinação entre teclado e mouse. E a intuitividade, maior trunfo doWiimote, aliada aos jogos simples que a Nintendo vem oferecendo, estáclaramente conquistando novos jogadores que antes nunca puseram as mãos numjoystick.
EduardoPugliese, estudante de Engenharia Civil na USP, conta: 'Curto videogames desdea época do Atari e tive a maioria dos consoles até hoje. Apesar de jogarWinning Eleven (simulador de futebol) com meu pai de vez em quando, minha mãenunca se interessou pelos jogos'. Isso mudou dois meses atrás, quando Eduardoadquiriu um Wii. 'Chamei ela para experimentar o Wii Sports, e ela gostou tantoque agora até me pede para ligar o videogame para jogar.' Na família dePugliese, o Wii despertou um pouco do lado gamer até em pessoas maisimprováveis, como sua avó.
Emrecente entrevista à CNN, Miyamoto admite que esse era o tipo de efeito quedesejava obter com o Wii. 'Minha esposa não se interessava por jogo algum,tentei mostrar Tetris a ela, mas até recentemente nada lhe chamava a atenção.Agora estamos começando a derrubar as barreiras, e espero que as mulherespossam curtir mais os jogos.'
Outraamostra do sucesso da nova abordagem da Nintendo são os torneios informais quevêm acontecendo em diversos países. Nos EUA e Inglaterra, Wii Sports e Wii Playdividem espaço com as cartas e outros jogos tradicionais em asilos e hospitais.Em São Paulo, o shopping Tatuapé organizou um torneio de Wii para pais e filhosno mês de agosto.
MarceloElias del Valle, analista de sistemas do Citibank, oferece outra perspectiva.Também fã dos videogames desde criança, acabou se vendo alienado dos jogos peloque sente ser um excesso de complicação nos controles e pouca imersão. 'O Wiime atraiu pela simplicidade, é um tipo de experiência que tinha desaparecidonesses sistemas mais modernos.'
Tecnologias por trás do Wiimote não são novas Volta
O Estado de São Paulo
01/10/2007
O Wiimote emprega duas tecnologias diferentes para suas funcionalidades:acelerômetros ( sensores que detectam a direção e a velocidade do movimento queo jogador faz com o controle) e receptores infravermelhos, que usados emconjunto com a barra colocada sobre a TV (na verdade um emissor infravermelho, enão um sensor), permitem que o jogador use o Wiimote como cursor na tela. Ambasas tecnologias já eram tradicionais em outras indústrias, mas coube à Nintendoa iniciativa de trazê-las para os videogames, reinventando os joysticks.Segundo Maurício Oscar Perez Lisboa, pesquisador da Escola Politécnica da USP,os acelerômetros já eram bastante usados em carros, como sensores que indicam omomento de disparar os airbags. A partir de 1998 eles se tornaram cada vez maisbaratos e miniaturizados, possibilitando seu uso em outras aplicações. Em 2006,antes do lançamento do Wii, um grupo de alunos do curso de Engenharia Elétricada própria Poli desenvolveu uma bateria virtual que funciona sem pratos nemtambores: acelerômetros instalados nas baquetas detectam seus movimentos e osenviam para um computador, que produz os sons.
Caça-pirata, a reação das empresas às falsificações Volta
Profissionalé contratado para denunciar casos de pirataria à polícia
O Estado de São Paulo
Adriana Fernandes
30/09/2007
O avançoda pirataria no Brasil fez surgir um novo profissional no mercado: os caçadoresde produtos falsificados. Contratados pelas empresas vítimas de falsificação,esses profissionais viajam à procura de pontos-de-venda e depósitos demercadorias piratas. Depois de localizados, a polícia, a Justiça e órgãospúblicos de combate à pirataria são acionados para apreenderem a mercadoriailegal.
Emmuitos casos, o próprio fabricante do produto legal é obrigado a manter emdepósitos os bens pirateados até que o processo termine e o juiz dê umadestinação à mercadoria. Além de bancar o pagamento dos especialistas e odepósito das mercadorias piratas, as empresas arcam com os custos do processo,que demora, em média, três a quatro anos.
Oscaça-piratas são treinados para identificar os produtos falsificados com amarca das empresas contratantes e agem com táticas de inteligência investigativa.Trabalham de forma independente ou, na maioria dos casos, vinculados aescritórios de advocacia e entidades de proteção de marcas.
''''Acontratação desses especialistas é hoje um prática comum, porque havia umasituação de muita pressão, com os produtos piratas crescendogeometricamente'''', diz Marco Kirsch, diretor da Associação Comercial,Industrial e de Serviços de Nova Hamburgo, região onde está instalado um dosmaiores pólos de fabricação de calçados do País.
Aentidade criou há três anos a Comissão Antipirataria do Calçado, formada por 12fabricantes de calçados, entre eles a Azaléia, Nike, Freeday, West Coast e GVD(que produz a linhas NBA, Meninas Superpoderosas, Disney Princess, PowerRangers e Batman).
''''Otrabalho tem dado muito resultado, pois temos observado um notável retrocessonas cópias piratas'''', avalia Kirsch. Segundo ele, a comissão funciona como um''''quartel-general'''' para determinar as ações de proteção das marcas ecombate à pirataria. Cada empresa, porém, arca com os custos de contração dosinvestigadores.
ParaFlávio Meirelles, presidente do Instituto Meirelles de Proteção à PropriedadeIntelectual (Imeppi), a contração de serviços de caça-piratas ajuda a diminuiros prejuízos das empresas com as falsificações. ''''Não sai caro para asempresas. Existem empresas que estão vivas hoje graças ao trabalho desenvolvidopor esses grupos de proteção'''', ressalta.
Comequipes em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Salvador, o Imeppiatua para empresas de calçados, óculos, confecções, cigarros e outros produtos.Nasceu há dois anos do trabalho de um escritório de advocacia. SegundoMeirelles, ao proteger a marca, o fabricante dá também um sinal positivo a seusrevendedores, que também são prejudicados com a concorrência desleal dasmercadorias falsificadas.
Amaioria dos caçadores de piratas é formada por advogados. Mas é também comum acontratação de ex-policiais. Esses profissionais também ajudam no treinamentodos servidores de órgãos públicos federal, estadual e municipal que atuam nocombate à pirataria. ''''Essa parceria com o setor público é fundamental'''',diz Newton Vieira Júnior, sócio do escritório Paulista Garé & Ortiz doAmaral Advogados, que comanda uma equipe de caça-piratas e tem como clientes,entre outras empresas, a Nike, Alpargatas, Zoomp, Okley, Chanel e Bic.
Osecretário da Receita Federal, Jorge Rachid, não vê na atuação dessesinvestigadores particulares um sinal de omissão do Estado no combate àpirataria. ''''Temos de trabalhar em harmonia em parceria com o setor privado,que tem nos subsidiado e dado treinamento para reconhecer se um produto éautêntico ou não'''', ressalta o secretário. Ele explica que o combate aoproduto pirata, se não for importado, é de competência estadual.
Rachidrebate as críticas de que o Brasil não tem conseguido combater de formaeficiente a pirataria. ''''Há uma entrada de produtos irregulares no País e nósestamos combatendo. É só verificar os resultados das apreensões. Estamosatuando e agindo sim.''''
Dono da marca é obrigado a guardar 5 mil pares fajutos Volta
O Estadodo São Paulo
30/09/2007
Especializadana fabricação de tênis para skatistas, a gaúcha Freeday convive hoje com aestranha contradição de ter que guardar nos seus depósitos os calçadosfalsificados da própria marca, apreendidos em operações de combate à pirataria.A empresa foi designada pela Justiça como fiel depositária dos tênis piratascom quais os seus produtos originais têm de competir no mercado.
''''Jásão 5 mil pares'''', conta o empresário Antônio de Freitas, dono da Freeday.Alvo de falsificações em vários pontos do País, ele foi obrigado a contratar osserviços de caça-piratas de um escritório de advocacia de Porto Alegre paraproteger a sua marca. Segundo Freitas, muitos alertas dos pontos dos piratassão feitos pelos lojistas que vendem o produto original e sofrem concorrênciadesleal.
''''Essasituação é terrível. Temos de pagar pela equipe de advogados, o frete até odepósito, o armazenamento e a destinação final do produto depois da decisão daJustiça.'''' Na maioria dos casos, os tênis falsificados são destruídos.
ParaNewton Vieira Júnior, sócio da Garé & Ortiz do Amaral Advogados, a mudançana Lei de Propriedade Intelectual é urgente para o combate à pirataria. Segundoele, a pena de um a três meses de detenção para quem vende e de três meses a umano para quem fabrica produtos piratas é muito branda, e ninguém vai preso.
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