quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Evangelizadora do designVolta
Revista Época Negócios
Edição 8 - Outubro 2007
Mais do que emprestar beleza aos produtos, o design transformou-se em estratégia e ferramenta de inovação na americana Procter & Gamble. Uma missão da vice-presidente: educar a corporação para extrair valor do poder do design
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Numa atitude pioneira entre as grandes empresas de bens de consumo, a americana Procter & Gamble (P&G) criou, no início da década, uma vice-presidência mundial encarregada de três questões vitais para seu negócio: estratégia, design e inovação. Para ocupar a posição, o CEO Alan Lafley convidou Claudia Kotchka, de 56 anos, que se tornou uma evangelizadora da disciplina nos domínios da P&G.
1>>> Como fazer com que os empresários entendam que design não é só estética e, sim, estratégia? Lucas Santos | Maracanaú, CE
Na P&G, um de nossos desafios é explicar como o design pode ter impacto construtivo em nosso negócio. Descobrimos que dar exemplos concretos é muito eficiente. Geralmente, mostramos produtos ou serviços que usaram o design para reestruturar totalmente o negócio.
2>>> Quais fatores atrapalham as empresas para que elas tenham uma cultura voltada para o design e a inovação? Fabio Camargo | São Paulo, SP
Para ter uma cultura com essa visão, é preciso, em primeiro lugar, ter o sólido suporte de uma liderança sênior. Alan Lafley, CEO da P&G, é um grande defensor do design. Em segundo lugar, é necessário ter uma compreensão ampla do valor do design. Conseguimos isso pela educação e o estudo de casos. Além disso, é crucial integrar o design ao negócio. Na P&G, trabalhamos em equipes multifuncionais que incluem design, marketing, pesquisa e desenvolvimento, entre outras funções. Finalmente, a empresa precisa sentir a necessidade de evoluir do conceito de design no plano cosmético para o estratégico.
3>>> O design agregou vantagens competitivas à empresa? Quais? Alexandre Mori | São Paulo, SP
Em um mundo comoditizado, o design é o que tem feito a diferença. Ele ajuda a criar produtos e marcas que o consumidor ama de verdade. Em maior escala, a lógica do design permite imaginar possibilidades criativas que a empresa pode realizar para ter sucesso. Isso ajuda muito a resolver situações que necessitam uma ruptura - seja em razão do mercado, seja da meta de crescer mais.
4>>> Qual a contribuição do design para o aumento da lucratividade? Sergio Borges | São José dos Campos, SP
Usamos o design além do espectro do produto e da marca. Quando você faz isso, os consumidores recompensam a empresa com lealdade.
5>>> Até que ponto o design influencia no sucesso de um novo produto? Guilherme Ribeiro Lacerda | Uberaba, MG
Descobrimos que o investimento em design garante o sucesso de um produto, seja ele novo, seja reformulado. Um exemplo é o Ace Naturals no Brasil. A marca vinha sendo modificada, e precisávamos divulgar os novos benefícios pelo público-alvo. Em razão disso, desenvolvemos uma estratégia baseada em cores para ficar em destaque na prateleira, o que trouxe melhores resultados do que esperávamos.
6>>> A Procter & Gamble possui uma equipe para desenvolvimento de produto e de embalagem no Brasil? Dário Ramos Filho | Rio de Janeiro, RJ
O grupo latino-americano de design fica em Caracas. Também contratamos escritórios de design, inclusive do Brasil, para alguns projetos. O Brasil possui grandes talentos nessa área.
7>>> Qual o perfil profissional dos gestores que influenciam na aprovação de um produto? Érica Rodrigues da Silva | São Bernardo do Campo, SP
A cada diferente estágio do processo, diferentes pessoas em diferentes funções interferem e aprovam o desenvolvimento do produto. Funções-chave incluem profissionais de pesquisa e desenvolvimento, marketing, inteligência de mercado, design, entre outras.
8>>>Quais são as habilidades necessárias para o designer hoje e no futuro? Thiago Monteiro | Rio de Janeiro, RJ
Além de ser formados, os designers precisam entender o negócio e conhecer a língua do mundo dos negócios. Designers são ótimos em entender as necessidades do consumidor, mas eles também precisam entender coisas como a estratégia do negócio, a dinâmica do mercado e os custos de produção.
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